Recentemente mostramos aqui no blog da Ortopixel, O que é BIM e como os drones são inseridos nessa tecnologia, como funciona a Building Information Modeling (BIM), ou Modelagem de Informação da Construção, e de que forma os drones podem ser inseridos nessa tecnologia. Já neste presente artigo iremos abordar outro tema muito relevante: a importância do BIM na infraestrutura.
Redução do risco de superfaturamento, diminuição de falhas na fase de execução da obra e auxílio na conexão entre todas as etapas construtivas são alguns dos principais benefícios do BIM na infraestrutura.
Ao aliar tecnologia, inovação e economia, o BIM tem se tornado nos últimos anos um grande aliado dos projetos e das obras de infraestrutura. Isso ocorre porque ao otimizar a gestão de dados, esse tipo de modelagem permite um planejamento preciso de todas as suas etapas e de seus recursos.
Nesse sentido, além de viabilizar a execução de processos construtivos em outras dimensões, a modelagem BIM também facilita a visualização do projeto, contribuindo na elaboração de seu planejamento, de sua execução e gestão.
BIM na infraestrutura: redução do retrabalho
Um dos principais benefícios do BIM na infraestrutura é a redução do retrabalho, fator que ajuda na economia de mão-de-obra, tempo e recursos.
“É importante ressaltar, mais uma vez, que o BIM não é apenas a modelagem 3D ou o uso de softwares com essa tecnologia. Para ser BIM, é necessário que se repense todas as etapas de projeto, de modo que se torne um processo integrado, com todos os participantes trocando informações”, destaca o engenheiro civil Caio Escote Azedo no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) intitulado “Avaliação do Uso de Building Information Modeling (BIM) em Obras de Infraestrutura Urbana: estudo de caso de loteamento urbano”, defendido em 2018, na Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc).
Na avaliação do especialista, o bom uso da tecnologia BIM diminui o retrabalho que muitas vezes acontece nas construções. “Com o BIM, além de facilitar a descoberta de inconsistências nos projetos, o tempo gasto para a realização de alterações é muito pequeno se comparado com o método atual, devido a toda integração do modelo e atualização automática.”
BIM no Brasil e no mundo
Em âmbito mundial, a utilização da modelagem BIM nos setores de infraestrutura ganha cada vez mais apoio por meio de legislações próprias, as quais incentivam o uso desse tipo de tecnologia, principalmente nos Estados Unidos e Japão (veja o gráfico abaixo).
Enquanto isso, no Brasil, a modelagem BIM tem sido mais aplicada em obras de construção vertical. Já no setor de infraestrutura, contudo, nota-se um déficit considerável em relação ao uso dessa tecnologia, muito por conta de falta de investimentos no setor. Entretanto, nos últimos anos, há uma evolução em curso acerca desse segmento.
Potenciais setores para o uso de BIM na infraestrutura
O que você entende por infraestrutura? A infraestrutura pode ser definida como o conjunto de elementos que suportam uma estrutura de construção civil, serviços básicos indispensáveis para as cidades e elementos que possibilitam a produção de bens e serviços. Tais elementos estruturais são fundamentais para o desenvolvimento de um país, com impulso socioeconômico regional.
São exemplos de infraestrutura: transporte em aeroportos, portos, rodovias e ferrovias; energia elétrica em usinas hidrelétricas, termelétrica e nucleares, subestações, e linhas de transmissão e de distribuição; óleo e gás; sistemas de telecomunicação; saneamento ambiental, seja por tratamento e abastecimento de água ou coleta, tratamento e disposição de esgotos e drenagem urbana”.
De acordo com a edição especial do Boletim da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) sobre BIM na infraestrutura, publicada em novembro de 2020, alguns dos principais setores no Brasil com potencial de serem beneficiados pelo uso dessa modelagem são os seguintes:
- Aeródromo
Aeródromos são infraestruturas que agrupam aeroportos, heliportos e campos de aviação, inclusive edificações principais e de apoio, como Terminais de Passageiros, Terminais de Logística de Cargas, Torres de Controle, Seções Contra Incêndio, Centrais de Resíduos Sólidos, Subestações Elétricas, Sistemas de Auxílios à Navegação Aérea e Telecomunicações.
Você sabia?
A Infraero implantou recentemente a tecnologia BIM no Aeroporto de Londrina, no Paraná. O projeto piloto Aeroporto Digital consiste em um ambiente comum de dados em modelo digital 3D de todo o Aeroporto de Londrina, que incluem dados do sítio aeroportuário e das edificações e que são acessíveis por aplicativos dentro de uma plataforma única de informações. Nela, a representação do mundo real em ambiente 3D que reúne dados sobre todas as instalações do sítio aeroportuário, deverá permitir, futuramente, a integração com dados do próprio município. O projeto prevê uma economia anual de até R$ 540 mil para o aeroporto.
- Aquaviário
Entre os primeiros passos adotados para o setor está o mapeamento das competências e o diagnóstico das capacidades para a adoção da tecnologia. Espera-se que o setor portuário adquira estrutura, competência e atribuições suficientes para desenvolver planejamento estratégico e cadeia de valor, bem como políticas e processos para a implantação do BIM.
- Energia
Atualmente destaca-se o Grupo de Trabalho BIM Modal Energia, que é constituído por representantes de concessionárias de Energia Elétrica e instituições de pesquisa, tendo Furnas como líder. O objetivo principal deste grupo é a proposição à ABNT de padrões para normalização e aplicação do uso do BIM no Setor Elétrico, nas áreas de Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica.
- Obras de arte especiais
As Obras de Artes Especiais (OAEs) são elementos das rodovias e ferrovias que contribuem para a continuidade do tráfego, permitindo a transposição de obstáculos pontuais, como por exemplo, rios, vales, montanhas, outras rodovias, etc. O setor objetiva aperfeiçoar a metodologia operacional atual, passando a executar processos mais eficientes, baseados em modelos BIM. Como consequência, espera-se no médio prazo alcançar um novo modelo de atuação, com maior inteligência, maior integração e menor risco.
- Óleo e Gás
A modelagem BIM vem se consolidando como uma metodologia universal de automação de projetos com diversas tecnologias associadas, sendo fundamental para modelagem de qualquer tipo de empreendimento e mostrando-se extremamente versátil durante todo o ciclo de vida do ativo de engenharia. Nesse sentido, o subgrupo de trabalho para Infraestrutura em Óleo e Gás (O&G), tem o propósito de consolidar no País a utilização de BIM em ativos da área de O&G.
- Rodovias
A situação atual do BIM no setor rodoviário brasileiro é atualmente a busca em capacitação, formação e entendimento no assunto e em alguns casos mais avançados tem-se a implementação de projetos pilotos. No setor privado de concessões, em 2013, iniciou-se alguns projetos básicos utilizando a metodologia BIM como base com destaque internacional, levando empresas de engenharia consultiva a iniciar estudos e capacitações na busca de resultados por parte da tecnologia.
- Saneamento
Esse segmento tem aplicado metodologias e tecnologias de Gêmeo Digital e modelagem 3D BIM que repercutem diretamente no uso racional da água, pois viabilizam o tratamento e distribuição do recurso a assim como a coleta e tratamento de esgoto com maior transparência na gestão operacional. O resultado é uma gestão com menos impacto ambiental e um ciclo virtuoso na sustentabilidade dos recursos hídricos.
- Transporte sobre trilhos
As vantagens do BIM como ferramenta e processo para conduzir grandes projetos de forma colaborativa, desde a fase de ideia até a fase de operação e manutenção, é a grande potencialidade desta sistemática. A integração do BIM ao SIG no que se refere ao transporte ferroviário vem se tornando uma tendência global, sobretudo nos países mais desenvolvidos.
Decreto estabelece uso de BIM na infraestrutura do poder público
Disseminar a metodologia BIM aplicada aos serviços de Engenharia e Arquitetura em órgãos e entidades públicas em nível nacional. Este é o principal objetivo do Decreto nº 10.306/2020, publicado no Diário Oficial da União em 3 de abril de 2020, o qual “estabelece a utilização do Building Information Modeling na execução direta ou indireta de obras e serviços de engenharia realizada pelos órgãos e pelas entidades da administração pública federal, no âmbito da Estratégia Nacional de Disseminação do Building Information Modeling – Estratégia BIM BR, instituída pelo Decreto nº 9.983, de 22 de agosto de 2019”.
Por meio deste decreto, propõe-se a implementação do BIM, de forma gradual, nas esferas dos Ministérios da Defesa e da Infraestrutura, por meio de atividades planejadas, coordenadas e executadas, apoiadas por um conjunto de tecnologias e processos integrados no âmbito de projeto e construção, com a criação de modelos digitais que abrange a todo o ciclo de vida do projeto.
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